Quem me acompanha no instagram deve ter visto que eu adotei um gatinho há 4 meses. Mas senta que lá vem história de lá pra cá, uma novela!
Eu moro em uma casa com mais 4 pessoas: 2 italianas, 1 espanhol e 1 argentino. Todos concordaram em adotar o gatinho, mas ele seria meu e da outra flatmate italiana. Dividimos os custos e nos propusemos a limpar tudo e cuidar dele.
Mas aí começou: ela só queria se fosse pequeno, bem filhote mesmo, e toda opção que eu mandava pra ela, ela ´sentia que não era aquele´ e sabe, pra mim adotar é um ato de amor, não pode ficar escolhendo!
Entrei em contato com algumas ONGs aqui de Dublin que resgatam os gatinhos das ruas e vou falar, achei que seria um processo mais fácil. Algumas são bem burocráticas e demora um pouco. Pensei que era só entrar em contato e buscar o gato, e não é bem assim. Teve uma que pediu até um documento do Landlord dizendo que estaria de acordo em temos pets em casa; e o nosso é um zero a esquerda, não liga de termos aqui desde que não o incomodemos.
Até que com a Phibsboro Cat Rescue deu certo, marcamos uma visita com uma das voluntárias para fazer o home check e nos mostrar os gatinhos que eles tinham disponíveis para adoção. A maioria dessas ONGs dá uma checada nas casas pra ver se as pessoas têm condições de cuidar dos gatinhos e se as casas são apropriadas. Depende o gatinho, não pode ter acesso direto às ruas, ou não pode ter crianças... eu não sei bem ao certo qual é o critério, mas a moça que veio aqui em casa só checou a nossa área externa e ficou na nossa sala, achei que ela ia checar a casa toda! rs
Então ela mostrou no computador os gatinhos que eles tinham disponíveis para adoção, esses gatinhos geralmente ficam em foster homes depois que são resgatados, até serem adotados. Acabamos escolhendo o Tiger, que inicialmente foi batizado como Tiogar, que é Tiger em gaélico... só deixamos pro inglês mesmo.
Mas ele ainda era muito novinho, não tinha nem 3 meses ainda e a maioria das ONGs daqui só colocam os gatinhos para adoção depois de 12 semanas, teríamos que esperar algumas semanas para buscá-lo porque ele ainda ´não estava pronto´. E demorou mais que isso... porque ele era muito assustado, não deixava ninguém encostar nele e vivia se escondendo. A voluntária só dizia pra gente que ele não estava pronto e eu implorei pra ela para buscarmos e tentarmos amansá-lo aqui em casa, depois de muita insistência ela deixou.
Numa quarta-feira a noite, 18 de setembro de 2019, fui buscá-lo na Foster Home. Ele não deixava ninguém pegá-lo no colo, mas comia na nossa mão. Era MUITO assustado, depois eu entendi porque a voluntária falava que ele não estava pronto, mas achei que essa demora só foi pior pra ele, pois o quanto antes ele se acostumasse com sua casa definitiva, melhor.
Não foi um processo fácil, era difícil até fazer carinho nele no começo de tanto medo que ele tinha. Não gosto nem de pensar o que ele pode ter passado nas ruas. E bem... lembram da minha flatmate que adotou o gato comigo? Acho que ela queria um gatinho lindo pra pular no colo dela e postar no instagram e não foi isso que aconteceu. Ele precisava ser domado e acredito que ela não estava muito disposta a isso. No início ele ficava na sala, mas tinha muito barulho por causa da rua e acho que ele ficava muito estressado, só se escondia. Até que decidi trazê-lo pro meu quarto e... nada de se esconder! Ele ficou muito mais confortável.
Eu já vinha notando que várias vezes a sala estava do jeito que eu tinha deixado, ou seja, ela já não estava me ajudando a cuidar dele. Ela me disse que estava difícil por causa do trabalho e um curso que estava fazendo, que isso não era desculpa e ia se esforçar mais, teve uma vez que ela até ficou com ele no quarto dela. Depois que vimos que ele odiava a sala, concordamos que ele ficaria no meu quarto, mas que ela teria a liberdade de vir ficar com ele ou pegá-lo a hora que quisesse. E que depois que o curso que ela estava fazendo terminasse, ela ficaria mais com ele.
Em novembro meus pais vieram me visitar e fui encontrá-los em Paris, seriam 5 dias que ela teria que cuidar dele sozinha. Uma ótima oportunidade pra ela ficar mais com ele e conquistá-lo, certo? Errado, cheguei em uma segunda de madrugada e ele estava sem comida, assustadíssimo escondido (o que não vinha acontecendo mais) e a caixa de areia dele tava tão cheia que eu calculei que estava mais de 2 dias sem ninguém limpar. Eu chorei, chorei, chorei de ódio porque mano, você pode fazer algo conta mim mas NÃO CONTRA O MEU GATO! Quem tem coragem de deixar uma coisa linda dessas sem comida! Foi a gota d´água, ai depois de eu confrontá-la ela disse que chegou à conclusão de que ela não era a pessoa certa pra cuidar dele. Sério? Se tava sem tempo por que não me mandou uma mensagem? Eu tinha pedido para outra pessoa ficar com ele! Não consigo nem descrever o tamanho do meu ódio com toda essa situação.
Bem, agora o gato é só meu. O que pra mim é ótimo e o que faz muito sentido toda a burocracia que tem antes de adotar. UM PET NÃO É SÓ PRA POSTAR FOTO BONITA NO INSTAGRAM! Tem que cuidar, limpar, dar amor... e se você não cuidar dele, ele morre! Gato caga fedido, espalha areia pela casa inteira... mas ele é tão carinhoso, tão companheiro, tão lindo! Mas você precisa pensar em todas as possibilidades antes de tomar a decisão de adotar um pet. Não tem tempo de cuidar? Não adote!
Adotar o Tiger foi a melhor coisa que me aconteceu. Hoje me sinto mesmo em casa e ele é o melhor companheiro que eu poderia ter! Estou tão feliz e realizada e agora mesmo estou escrevendo esse texto e ele está aqui deitado do meu ladinho.
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